quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Uma dose de debilidade quase mata

Eu não aguentei e liguei para a porcaria do número que estava no cartão. Se o tal número é de uma empresa, como é que pode nunca ninguém atender? Alguém explica! Liguei uma vez e só tocou. Mais ansiosa ainda, liguei a segunda. Nada. E a ansiedade tomou conta de mim e liguei umas vinte vezes. No final, só consegui arremessar o telefone na parede.

Débil eu? Não, que isso.
Dane-se o telefone na parede. Jogaria mais uns cinco se eu tivesse.

VS.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Tudo igual na vida de Violeta

Débora não me disse nada de novo. Insistiu na mesma idéia fraca. Não me irritou mais, porque já estou irritada o suficiente. Meu corpo sentiu saudade de Mário. Só o corpo mesmo. Ele tem me procurado e eu recusado todos os convites. Não estou conseguindo aceitar nada. Só penso na carta. Acho que agora esta carta está mais para gente do que para papel mesmo. Nossa! Confesso que até me sinto um pouco ridícula!

Hoje vou ao bar do meu amigo, no qual vou começar a trabalhar. Detesto a idéia mas não consegui fazer de outro jeito. Lá só funciona à noite, portanto, vou ter que trocar todos os meus horários. Imagina ficar servindo um bando de gente grossa? Acho que vou ser mandada embora em dois dias. Comentei isso com meu pequeno irmão e ele me disse que eu não deveria começar a trabalhar pensando dessa forma. Adulto ele, né? Disse que vai todos os dias no bar. Até parece que aquele pequeno lindo vai sair todas as noites! Lindo ele! Acho que vou sugerir de fazermos lição-de-cada no bar!


VS.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

"Sempre soube" é chato e irritante

Eu não liguei pra ele. Juro que a tal carta me enfureceu. Liguei pra Débora para contar e ela riu, disse que se eu estou muito brava é porque de alguma forma essa carta mexeu comigo. Sim, isso parece óbvio. O que eu não sabia e ela me informou, é que mexeu comigo de forma nostálgica. Me fingi de boba e ela chutou o pau da barraca dizendo "tá parecendo que você está apaixonada. Sempre soube que ele te desestrutura.". Nem preciso dizer que não gostei desse comentário dela. Aliás, detestei. Acho bem chato essa coisa de "sempre soube". As pessoas sempre sabem algo sobre você que você não faz idéia e adoram mostrar o quanto você é incapaz de perceber.

Ah, não gostei. Mesmo. Tá, a Débora sempre faz comentários pertinentes e me conhece muito bem. Mas dizer que ele me desestrutura? Nunca! Nem quando namoramos isso aconteceu, muito menos agora, com um pedaço de papel. Essa maldita carta está fazendo com que eu diga "não"para o Mário. Hoje ele me ligou me convidando pra ir ao cinema e eu não aceitei. Claro que não, afinal, e a carta? Depois que quase confundi a carta com uma pessoa, porque estou preocupada com ela como se fosse gente, achei que eu tinha que pensar no que a Débora me disse. Ela não precisa saber disso. Segredo meu. Será que só o fato de pensar sobre isso quer dizer algo? Ué, que mal tem eu sentir uma pontinha de saudade? Não o vejo há tanto tempo mesmo.

O celular está tocando. Musiquinha chata essa, nem fui eu quem escolhi. Débora. Vou atender.


VS.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Uma carta para Violeta

15h38 e uma carta chega. Três contas para pagar e uma carta. O remetente eu nunca mais vi. Nem ouvi. Nem pensei. Um amor antigo. Não sei se ele diz o mesmo. O que essa carta está fazendo aqui? Anos e anos depois.

Carta de uma página. Ele não está morando no Brasil faz algum tempo. Recentemente esteve aqui. Queria me ver. Como alguém acha que é possível marcar um encontro através de uma carta? Se ele conseguiu meu endereço, poderia ter conseguido meu email. Não? E se ele ficou aqui um mês, por que manda a carta só agora? Ele postou faz três dias.

Terminou um namoro longo, quase foi noivo. Não tem filhos. Engraçado, sempre achei que ele seria vítima do famoso "foi sem querer". Era charmoso e todas as mulheres se interessavam por ele. Conseguiu o mínimo de responsabilidade.

As palavras dele não são nostálgicas. Por que me escreveu então? Disse ter saudade, mas me pareceu uma saudade menor do que a que o dono sente pelo cachorro. Qualquer saudade. Saudade porque faz oito anos. Essa carta escrita com a letra horrível dele não me fez sentido e talvez por isso já tenha me irritado. Junto com a carta tem um cartão da empresa onde ele trabalha. Não sei que empresa é essa. Nem sei que faculdade ele acabou fazendo. Eu achava que ele faria administração, só por ser um pouco perdido. Na dúvida, muita gente opta por administração. Não sei que graça ele via nisso.

Ele deve imaginar que vou ligar pra ele, até porque faz este pedido na carta. Costumava fazer o que me era pedido. Mas agora? Ligar para? Será que ele pretende me encontrar em algum aeroporto? Realmente.

VS.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Fluxo particular de Violeta

Preciso dizer que João se saiu muito bem nas aulas de piano. Todo bonito e compenetrado. Ele veio me dizer que quer tocar piano em alguma banda de rock. O pequeno nem sabe o que é rock. Lindo!

Investi parte do meu tempo estes dias pensando sobre amor. Palavrinha complicada essa e dotada de muitos significados incompreendidos. Tem gente que diz compreender e que é simples. Outros morrem de medo e preferem ficar distantes. Muitos amam e amam tanto que sofrem mais do que amam. Ah, e alguns amam muito, sofrem, entendem que faz parte e está tudo bem. Esses últimos são membros de um clube de uma linha que exige alguma racionalidade. Eu não sei onde me encontro no meio disso tudo, mas talvez eu tenha um pé nesta última categoria.

Débora acho que é daquelas que ama e entende tudo. Ela adora tecer suas idéias sobre os sentimentos. Sempre que escuto suas orientações e opiniões, sorrio. Tudo parece tão óbvio e tranquilo. Falo isso pra ela e ela me diz serena "A tranquilidade sou eu. Sou assim. Não o amor". Achava tudo genial, mas depois de algum tempo, me peguei irritada por muitas vezes. Eu lá, me descabelando por várias coisas, e ela calminha e com um tiro certeiro. Mesmo irritada eu observo essa danada de quem gosto tanto. Melhor que qualquer manual de banca, né? E livro de auto-ajuda! Por favor, não!

Tenho um grande amigo que sempre disse que era bom entendedor sobre essa coisa de amor. Na prática, começou a perceber que escorrega um pouco e que, talvez, não seja tão bom entendedor assim. Hoje em dia ele está todo contente com sua amada. Mesmo distantes, eles se amam. Acho tão lindo. E o moço nem tem escorregado mais. No casamento dele, serei a madrinha oficial. A única coisa que ele me pede é que eu não vá de vestido violeta no casamento. Claro que não, né amor! Nem queria ir de vestido, na verdade.

Passei algumas noites com o Mário. Ele me ligou e marcou todas elas. Eu só fui. Tá, eu ir não é pouco, mas ele acha. Esse homem me cansa mas eu não consigo dizer que não vou encontrá-lo. Consigo e depois não durmo, me sentindo uma anta. Assim, eu vou e pelo menos minha noite é definida. Tá, tá, tá.


VS.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Domingo depois das 18h - com João

Hoje é dia de passar o finalzinho da tarde com meu irmão. Faz algum tempo não o vejo, porque tive que resolver burocracias da vida. Ele me deixou um recado no celular dizendo que vai começar aulas de piano. Na verdade, ele queria tocar guitarra, mas o nosso pai e a mãe dele não aprovaram. Disseram que só se fosse piano, e ele topou. Talvez depois que ele aprenda a tocar alguma coisa, os pais amoleçam e dão carta branca para a empreitada-guitarrística.

Eu deveria ficar em casa e terminar de organizar a micro sala que resolvi pintar, mas depois desse recado no meu celular, vou ver o pequenino. As aulas dele começam amanhã e ele está todo ansioso. Me pediu para que o levasse no primeiro dia, mas não posso. Vou ao menos encorajá-lo para acordar amanhã feliz e saltitante. Um menino com cara de bad boy tocando piano será no mínimo exótico, ou estranho mesmo. Ele tem certeza que posso ajudá-lo com as aulas, só porque fiz iniciação musical e toquei piano na escola. Atividade extra curricular até a 6a série. Depois a gente cresce e resolve que tudo isso é super chato e quer só sair com a turma!

Vou comprar os cookies que ele gosta e levar. Ele só come se for de chocolate. Igual a irmã. Chocolate. Chocolate. Chocolate. Ah, mas a irmã come de qualquer coisa. É boa de garfo!

VS.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Do coração ao papelzinho

Quantas vezes você pensa em você por dia?
E em mim?
Quantas vezes você já pensou em desistir e correr?
Pensou em ficar?

Antes de dormir ontem, fiquei tentando entender como é que a gente se sente sabendo que um dia não vamos existir mais e, portanto, não haverá mais sentido e nem signos. Isso vai muito além do que eu consigo sentir. Mas como será que é? Como assim, hoje você trabalha, ri, fala, grita e vai dançar e amanhã, de repente, PUF?

Estranho, né?

Nasci cheia dos "como assim?" e "por que?"! Ai!

VS.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Encontro no tempo quase-perfeito

O horário marcado era 22h e ainda faltava meia hora, mas eu corro como se estivesse atrasada um dia. De certa forma eu estou. Deveria ter feito tudo isso há algum tempo. Não fiz. Não foi possível. Me cobro agora como se fosse. A ansiedade faz isso.

Faz frio e eu tenho certeza que sinto o gelado do ar mais do que qualquer pessoa. Meu corpo treme e sinto minhas mãos e pés congelados. Tenho que confessar que estou nervosa há dias, pensando neste momento. Paro dez segundos para respirar e observo estes mesmos dez segundos dos traseuntes que ali estão: metade deles tira foto em cima da ponte; um casal namora no banquinho perto de mim e algumas crianças brincam com uma bexiga que acaba de voar pelo rio. Eu ali, parada, me pergunto se está saindo alguma coisa nestas fotos, porque a luminosidade é precária. Por dois segundos você então, sai da minha cabeça.

Sem concluir raciocínios e responder perguntas, me apresso. Os meus pés parecem começar a descongelar. Atravesso finalmente a Puente de la Mujer. Uma ponte que leva mulheres de um momento a outro. Ainda faltam 27 minutos. Agora eu me acalmo e espero. Não demora muito senão eu mudo de idéia. Vem. Escolho um lado para te esperar, o direito. Acho que você virá de lá.

O combinado era vir. Não valia não aparecer. Regra que eu mesma pensei e não sei se te contei. Então vem?


VS.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Guarde o seu segredo, Violeta

Fica comigo.

Foi a primeira coisa que eu pensei quando abri os olhos, depois de uma noite bem dormida. Eu tenho muitas estórias e escolheria a mais bela de todas para você. Não estou totalmente desperta.

Tenho que me encontrar com a doce Débora. Minha amiga de tantos anos e vejo tão pouco. A vida nos levou para diferentes caminhos e ela hoje brinca de cuidar de mim. Ela acha que eu apronto muito e fica doida me cercando de cuidados. Talvez ela ache certo. A gente briga porque ela não respeita os meus porres esporádicos! Olha o motivo!

Sempre que acordo conto um segredo. Eu escrevo em um papelzinho um segredo e guardo. Todos os papéis têm o mesmo tamanho. Parece coisa de gente que tem TOC. Hoje me dei conta que a caixinha já está lotada deles, e que os últimos segredos são iguais. Escrevi com as mesmas pausas, pontuação e intenção. Tudo. Talvez seja um sinal de que eu não devo guardá-lo mais por tanto tempo. No verso de cada papel tem um nome, este nome indica o destinatário de cada segredo. Inconscientemente devo imaginar que um dia vou entregar todos estes papéis. Freud não deveria ter morrido, faltaram algumas explicações.

O telefone toca e eu ainda tenho voz de sono para atender. Número privado, logo, não vou me preocupar. Tem sms do Mário dizendo que quer me ver. Eu não quero. Acho que só vou querer no próximo mês. Tadinho!

Tenho que comprar biscoito e pão porque a faxineira roubou todos eles. Poderia ter pedido e eu dava. Sou uma alma boa.


VS.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Seriously

I CAN'T STOP THINKING ABOUT YOU.
FUCK!

VS.

Devaneios de Violeta, com carinho

Mais um pouco e eu te alcanço. Alcanço para dizer que eu te quero e para ouvir o seu não. É da ordem do indesejável, pior que o impossível.

Eu nasci e me deram este nome. Violeta. Eu gosto tanto de você que eu acho que é um carinho sem limite ou alguma coisa que eu não sei o nome. Quando a gente dá nome, estraga. Vivi isso.
Mas eu vou te dizer um dia sobre este afeto todo.

Ontem eu cheguei em casa e fui admirar o João dormindo. Tenho mania de conversar com ele nessas horas. Falo sozinha e imagino as respostas dele. No dia seguinte, pergunto se ele ouviu algo e ele mal entende a minha pergunta. Contei sobre o carinho que nutro por você e ele se virou todo na cama. Será que isso quer dizer alguma coisa? Ele não me conta dos namorinhos dele, mas tenho certeza que ele faz sucesso no colégio. As meninas sempre gostam dos aplicados com pinta de bad boy, ou não?

Semana que vem devo começar a trabalhar no bar de um amigo. Detesto isso. Nunca quis muito trabalhar à noite e em bar, mas tenho tido poucas opções. Sou o tipo que poderia ter uma vida super organizada mas por algum motivo não tenho. Vai ver que não sou o tipo. É, não sei da onde tirei isso. Passo muito tempo pensando em como organizar tudo.

Meu carinho é seu. Ai!


VS.