segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Duelo

Sem energia elétrica, tentei me contentar com o sol que escapava pelas nuvens. As nuvens ganharam. Da energia elétrica também.

VS.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Lá de dentro

O fato é que tá difícil e estou de saco cheio de reclamar da vida. Enfiei uma coisa na minha cabeça: vou tentar tudo até não conseguir mais. Tudo. Até eu ficar exausta e me sentir bem lixo. Se eu realmente chegar a este ponto, é porque não consegui nada e aí sim desisto. Estou falando sobre o verbo trabalhar. Passar as noites no bar não está pagando nenhuma conta minha. Além de eu ser a dívida em pessoa, sinto-me a monstrinha mais incrível de todas por não poder mimar meu irmão como eu gostaria. 

Meu pai tem me dado assunto para eu refletir. Ele está todo desajeitado com os problemas do coração. Me peguei pensando: como é possível você declarar em cinco minutos que a pessoa que você sempre amou é agora a pessoa que você mais detesta? Detalhe importante, não, ela não te traiu e nem fez nada absurdo. Eu realmente não sei como isso acontece. Compreendo melhor quando lidam mal com isso, porque aqueles que ainda lidam bem, nossa, são praticamente Ets pra mim.

Sorrio ao lembrar que tem estes amores e aqueles que começam em um simples passeio na rua. Talvez sejam até os mesmos. Existe a história de uma garota que se apaixonou pelo homem que a ajudou quando ela caiu atravessando a rua. Foi na Avenida Paulista. Foi recíproco. Casaram. Sério. Brincam que deveriam morar em um apartamento em plena Paulista. Romântico demais, não? Acham a brincadeira boba. Por que que quando estamos apaixonados tudo parece bobo? Sempre troquei o bobo por bonitinho. Não gosto de nada no diminutivo, mas "bonitinho" vale. 

No final, muita coisa vale.

VS.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Racionamento Geral

Luz apagada e eu no quarto. A idéia era ter saído do quarto mas não aconteceu. O chá que eu deveria tomar quente, devo tomar frio. Olho pela janela e nada. Ninguém resolveu andar pela noite no frio. Por que? Eu faria isso. 

Marco Aurélio se encrencou na vida amorosa. Marco Aurélio mentiu para João mas não fez o mesmo para mim. Marco Aurélio é meu pai. Pai que me fez e me criou. Quando estou brava, ele é Marco Aurélio. Gosto do nome dele, mas não gosto do que ele fez. 

Nem julguei, nem nada. Não fiz pós-graduação em coração e nem mesmo curso superior. Aliás, fui reprovada para todo o sempre. Eu queria entender como posso ser tão inapta para essa figurinha vermelha e ao mesmo tempo encostar no travesseiro e não dormir porque meu coração bate sem parar.

VS. 

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

As luzes estão acesas e a madrugada fria

Hoje passei o dia com João. Estava super ausente na vida dele e o pequenino andava tristonho. Comemos, vimos filme, fizemos lição de casa e trouxe ele para dormir comigo. Antes de sair para trabalhar, ponho o rapazito para dormir. 

Minha reputação no trabalho está péssima. Cheguei atrasada, faltei e ouvi porcarias de clientes porque não faço o tipo pagou-levou. Incrível! O mundo é mesmo assim e eu acho que eu não sabia. No meio desse caos, ontem tive um bom dia de trabalho. Não sei o que houve mas os bancos do balcão do bar só foram ocupados por pessoas interessantes da noite de ontem. Pessoas que pareciam vir de filmes e livros. 

Um casal bebeu bastante após passar mais de cinco horas por lá. Encontraram-se logo quando abrimos as portas. Acabei ouvindo a história mais sóbria do mundo mesmo com doses de álcool. A mulher era a famosa charmosa mas não bonita, e o homem era feio mesmo, parecia ser inteligente e não usava óculos para enganar. Cada um pediu uma cerveja e, sem titubear, o assunto foi rapidamente exposto:

- Precisamos terminar.
- Concordo.
- Você busca suas coisas em casa quando?
- Quando sairmos daqui.
- Ah, pode ficar com o meu aparelho de celular, acabei de comprar um novo.
- Mesmo? Obrigada! Não sabia que você tomava Stella Artois.
- Sempre comprei Bohemia.
- Deveria ter comprado Stella alguma vez.
- No Pão de Açucar é caro e no Mercado do Azul não tem.
- Vou fazer xixi.

Isso é muito pragmatismo e sanidade ou total insanidade mesmo? Fiquei imaginando que as alianças de compromisso que eles usavam iriam presentear o lixo do bar, ou do banheiro do bar, mas não. Sairam com elas. Fiquei com essa conversa em-modo-repeat na minha cabeça. Comecei a achar que era algo moderno, mas terminei achando que era estranho mesmo. Fiz questão de fechar as portas do bar. Fui feliz comendo os amendoins que sobraram nos potinhos do balcão enquanto observava o abandono da rua e uma única janela acesa no apartamento que há em frente. Apartamento ou motel-hotel-feio-e-velho. A luminária vermelha me interessou. Alguém com insônia atrás daquela janela.

Os amendoins verdes soltaram tinta na minha mão como chicletes coloridos. Uma garota passou chorando na rua e me olhou com uma cara de desespero completo. Dei para ela os cinco amendoins que ainda sobravam e ela nem sorriu. Está difícil para muita gente sorrir. E eu saí em paz, brindando a madrugada.

VS.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Tempestade e cacos sem gordura trans

A tempestade começou e não marcou dia nem hora para terminar. Sinto-me completamente envolvida por ela. Débora voltou de viagem. João melhorou e já voltou a aprontar. E eu? Eu estou ensopada e morta de frio. Ninguém conseguiu arrancar um sorriso meu. Nem daqueles amarelos.

A gente vai ficando triste, triste, muito triste. Até sentirmos algo que nem nome tem. Parece que o cerco vai se fechando e que em breve serei esmagada. Eu estou tentando, não passei nenhum dia deitada na cama chorando. Nem mesmo vendo programas inúteis na televisão e me entupindo de sorvete ou chocolate. Não caí mais na não-graça do novo Chandelle. Nem de nenhuma guloseima. 

Me arrasto para chegar ao bar e trabalhar. Alguns dias já não foram possíveis e me ausentei. Claro que já ouvi a famosa frase " Assim não vai dar..." . Como foi dita pelo chefe que é amigo, foi dócil, mas tive que explicar a ele que esta frase poderia ser minha também. Ou melhor, poderia piorá-la fazendo uso do querido-de-muitos-gerúndio e dizer " Não tá dando..." . Acabei optando por fazer cara de  está-difícil-mas-me-dá-uma-chance. Sei lá se ele entendeu ou não, mas me abraçou. Recentemente deletei do meu pendrive-mental todos os possíveis significados do abraço.

Agora podemos trocar de operadora sem trocar de número. Acho que vou trocar para ver se me sinto útil. Pelo menos vou me irritar com algum atendente ou telemarketing. Aliás, a palavra telemarketing já me dá nervoso. Na tentiva de achar uma brecha ou um cantinho confortável, vale até isso. Quem sabe torrar o pouco dinheiro em algum-qualquer-1406-da-vida também não ajude?


1,2,3,4...

VS.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Dá pra parar, por favor?

E a saga do telefone continua. Sem sucesso. Isso tem me deixado tão nervosa que acabo comendo a nova sobremesa da Chandelle que eu detesto. Posso? Não, não posso. Vou ser uma histérica e gorda. Que coisa mais incrível!

Joåo machucou o punho no domingo. Andou de bicicleta como um louco esbaforido e caiu. E sempre falo pra ele andar com equipamento de proteção. Claro que ele me acha uma chata e não me escuta. O punho estragado é por falta de cuidado, falei pra ele. O bonitinho, muito esperto, respondeu que não existe equipamento de grande proteção para punho. Ele agora deu para saber responder tudo, parece alguém que eu conheço! Vai ficar sem as aulas de piano e combinei que vou estudar com ele nesses horários. A gente estuda e depois ele ganha um sorvete do Mac, que é o que o bolso anda permitindo.

Débora foi para um evento em Cuba. Muito bacana. Quando ela voltar vai me visitar no bar. Comecei a trabalhar no inferninho noturno. O meu mau-humor nos primeiros dias impera. Fico atrás do balcão tentando preparar algo que os clientes gostem. Tem um bando de espertinho que faz a graça de pedir duas bebidas, ficar com uma e me dar a outra. Recusei todas até agora, mas quem sabe não aprendo a ser menos ética e perco alguns valores. Aham, penso assim às vezes e nem acho podre.

Violeta está brilhando pouco...

VS.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A dose de debilidade não passa

Agora meu celular está semi-pifado. Aham. Eu bati ele com toda a minha força contra a mesa. Não consegui fazer uma ligação para fora do país. Como eu já tinha me irritado anteriormente com este assunto, achei que tentando via celular tudo poderia funcionar. Achei isso por falta do que achar, claro. Nem consegui discar. Nem chamou, nem deu ocupado, nem nada. Fez um barulho ininteligível e só. Nem a mulherzinha do Além me brindou com a voz de Oráculo ao dizer que eu estava discando errado. Nada.

Descobri que tem um número da Embratel, gratuito, pelo qual conseguimos facilmente ligar para qualquer país. Será que via Embratel algupem vai atender na porcaria daquele lugar? Será que a mocinha da Embratel manda energias positivas pra mim? Antes de correr o risco, resolvi preparar um chá com muitas especiarias. Quem sabe o chazinho não me dá sono e eu desisto?!


VS.