quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

I´m gonna kill your night.

Eu estou aqui.

Já passei dias da minha vida esperando por você. Sofri. Cansei. Enjoei até.
Eu sabia que você nunca foi uma pessoa para se esperar. Ninguém te espera. Você nunca chega. Mas eu esperei porque sofro de burrice crônica. E nunca nem pude dizer que esperei você voltar, porque você nunca chegou e muito menos se foi. Acho que eu esperei o momento de olhar para o lado já tarde da noite e ver você.

Depois que tive náusea com essa situação criada por mim mesma, parei. Pra sempre. Já não lembro de você faz tanto tempo. Meus dias foram ótimos, às vezes doloridos, mas não mais por você. Até aprendi a fazer bolhinhas de sabão maiores. Com a vida repleta de outros delírios e delícias, sou surpreendida. Isso foi ontem.

Sozinha em casa eu insistia na taça de vinho. Eu não amo vinho, mas amei ontem. O interfone toca e anunciam o seu nome. Não senti nada. Na hora, não entendi que você era você. Nunca te passei meu novo endereço. Você subiu, tocou a campainha, eu abri a porta, você hesitou, eu pedi para que entrasse, você sentou no sofá e eu te servi de vinho. O seu primeiro gole foi rápido e ainda não tínhamos trocado uma palavra. A minha taça já vazia me traiu e me arremessou no silêncio. Dessa vez, eu não estava nervosa e permaneci muda.

Meus olhos passearam rapidamente pelos seus traços. Você tem mais charme e beleza do que eu imaginava. Ou melhor, pude constatar que tudo aquilo que eu imaginava era verdade. De repente o silêncio fora interrompido com uma frase sua - Eu não sei o que vim fazer aqui. - Confesso que me decepcionei com essa sua postura. Não respondi. É claro que você sabe o que veio fazer aqui, afinal, você precisou descobrir onde eu morava, não era fácil me alcançar.

- A gente nunca conversou - eu ouvi. É impressionante como você não banca toda a personalidade que parece ter. Claro que a gente nunca conversou. Você não sabe quem eu sou e vice-versa. A gente só se olhou diversas vezes e agradeceu os drinks que recebeu. Só, entendeu? A gente nunca disse "oi". Eu achava que se um dia essa cena acontecesse, você se portaria completamente diferente. Decepcionante, mas eu continuei de ótimo-humor. Resolvi que eu não tinha muito tempo para aquela sessão de silêncio de gente esquisita:

- Você veio me ver. Você quer o que de mim?
- Conversar.
- O que? Você lembra o meu nome, mas não sabe mais nada sobre mim.
- Vim saber.
- Qual o meu nome?
- Que pergunta!
- A gente sempre se olhou e nunca interessou a identidade de ninguém, agora não vai ser diferente.
- Você queria que fosse diferente desde o início.
- Você mal sabe o meu nome. Nunca quis que fosse diferente. Nunca quis saber da sua vida. Eu olhava você todas aquelas noites e só. Gostei do que vi e do que senti. O resto nunca me interessou.
- Mentira.
- Eu quis roubar as suas noites só para dormir com você. Te desejei alucinamente sem nenhuma explicação. Nunca quis detalhes, informações e nem nada. E agora, nem desejar eu desejo mais.
- Mentira.

É impressionante como você joga fora o seu tempo.

Você não me respondeu. Continuou no vinho. Aquilo tudo era ridículo. Enfraqueci e me vi atirada no desejo. Levantei e caminhei até a varanda. Noite de chuva fina e abafada. Ninguém andando na rua e o bar da esquina estava cheio. Sentei nas almofadas do futton. Deitei de tão relaxada. Seria melhor se a chuva molhasse o meu corpo. Sem qualquer pressa, invadi meus traços e limites para ouvir meu corpo. Fechei os olhos e dividi os meus gemidos. Desejo nada particular.

VS.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Mini Notas

e agora a vida vai andar de forma diferente. troquei os sapatos dela e o chão é outro. menos arenoso, talvez.

meryl é fenomenal, mas meus salves e urras são da kate.

já volto para dizer alguma coisa a mais. o carnaval está chegando e daí.

VS.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Amor de Zé

Vem morar comigo, doce meiga senhorita.

Ouvi isso hoje. Achei digno de karaokê. Quem se habilita?

Vou me planejar, Zé. Prometo. Prometo. Prometo. Vai montando nosso cafofo.

VS.

Sorvete, corações e um pouco de Europa

Eu comecei a matar a saudade do meu pequeno irmão. Acho que nunca vou terminar. Fomos tomar sorvete juntos. Ele adora sorvete do Mc Donalds, como eu. A gente pediu o Top Sundae e descobriu que aumentou o preço. Ele deixou cair calda de chocolate na roupa toda, porque resolveu brincar com a colher. Eu entrei na onda e pintei o nariz dele de chocolate.

Pareciam duas crianças com o primeiro sorvete de suas vidas. O detalhe é que sou mais de doze anos mais velha. Logo, alguém ali não é mais criança. João me contou que chegou a chorar de tanto que sentia a minha falta e, eu, claro, me despedacei. Senti que sou a irmã mais cruel desse mundo. Ao invés de visitá-lo por muitos dias, fiquei em casa pensando na vida, lendo, pintando paredes e nada de tão brilhante aconteceu. Não dei um sorriso. Se eu tivesse feito diferente, certamente aquele menino lindo teria me arrancado as mais divertidas gargalhadas. Eu que trate de fazer melhor agora.

Convidei o pequeno para irmos ao cinema e ele disse que não podia porque tinha que sair com a Laura. Ah sim, este é o nome do namorico dele. Eu fiz mil perguntas sobre ela, que eu suponho que seja tão pequena quanto ele. Ansiosa pedi para que ele me respondesse cada uma delas. Ele riu e disse - ciumenta você! - e só. Não me respondeu nenhuma. Não gostei, é claro. Que meninota é essa? Pelo menos ele sabe diferenciar ciúme de inveja.

João prometeu que logo vou conhecê-la. Acho bom mesmo. Contou-me que se ela fosse européia e tivesse nascido há muitos anos, seria uma menina magra, de pele bem clara e longas tranças. Estou até agora pensando que tipo de comentário foi esse. Então quer dizer que ela é gordinha, morena e de cabelos bem curtinhos? Eu comentei que ele acabara de descrever uma menina do pós-guerra, na Alemanha. Ele concordou porque disse que pareceu algo importante e bonito.

O próximo encontro será uma aula sobre a Alemanha, Hitler e Segunda Guerra Mundial. Assim não paramos no - importante e bonito - dele. Depois levo o menino-mais-lindo-desse-mundo para assistir filmes com bons atores e lindas histórias sobre o período. Nada de dar enciclopédias para ele ler. Isso a escola faz.


VS.

Meu

"Só não se perca ao entrar
no meu infinito particular"

Marisa disse isso. Mas vale para mim.


VS.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Momento família

Saudades de João. Ele está de namorico e faz meses que me ausentei de sua vida. Não pode. Um monte de coisa aconteceu e optei por mantê-lo longe. Achei que não estava na hora dele lidar com certas coisas. Fiz errado?

Papai passou um mês em um congresso na França. Não o vejo faz tempo, mas ele me mandou vários emails falando sobre Paris. Ele se dá super bem com a tecnologia, mas sempre esquece de mandar notícias para a filha dele. Dessa vez fez diferente. Gostei. Respondi todos os emails e acabamos trocando idéias sobre a vida, filmes, livros e shows. A gente tem um gosto parecido, e eu só fui descobrir isso agora. Ele me contou que está como colaborador em um capítulo de um livro que será lançado no próximo semestre. Perguntou quando sai o meu. Desconversei. Desde quando sou escritora, papai?

Sinto falta das minhas noites no bar. Para não sofrer com a carência, resolvi que trabalho lá uma ou duas vezes por semana. Acabo mais ajudando do que trabalhando de fato. Reencontro os fiéis frequentadores e dou muitas risadas. Engraçado como a gente de repente faz parte da vida de alguém. Alguns clientes trocam confidências comigo e me pedem conselhos. Um dia desses, um deles veio me dizer que a analista dele me conhece. E eu fiquei bastante surpresa. Tive receio que fosse a mesma que a minha. Ele disse que contou para ela do nosso primeiro papo no bar. Tá, então era daí que ela me conhecia. Ufa! Eu mal lembrava dessa conversa, e ele lembrava de todos os detalhes. Logo lembrei que foi quando ele se separou da mulher. Estava bêbado e doído. Falamos sobre vinhos, chocolates e amor. Eles continuam separados.

Assim que parei de trabalhar lá, antes deste período atual de nostalgia, Deborah começou a frequentar o local. Ela ia de vez em nunca me encontrar, ou melhor, me buscar. Isso aconteceu na época que nos reuníamos para fazer saraus. Depois ela viajou, eu me enrolei, e aí o cronograma-de-saraus-e-encontros foi por água abaixo. Agora ela torna-se frequentadora, porque resolveu que lá é o lugar para levar seu novo namorado. Ele é espanhol e está passando um tempo no Brasil. Ela diz que eles não namoram, que estão se conhecendo melhor, e eu retruco dizendo que isso é fala de celebridade para a revista Contigo.

Vou mandar torpedos para João. Ele adora, mas papai o proibe de respondê-los. Insiste que o celular só serve para que ele, pai, encontre João quando quiser. Só. João ainda obedece e nem liga para os amigos, não goza da tecnologia que lhe é dada. Dada pela marca do celular, que certamente tem menos poder que papai. Eu continuo ensinando meu pequeno irmão a responder mensagens e tirar fotos. Espero o dia da rebeldia dele.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Oscar e Eu

Antes de qualquer coisa, preciso dizer que o tempo corre em outra velocidade para a atriz Dakota Fanning. Impressionante. Acabo de pensar que o mesmo também ocorre com a tudo-de-bom Elza Soares.

Acordei com o corpo doído. Boxe de mola é bem melhor. Quando não é de mola e você separa o colchão, fica duro e leva um tempo para dormir com algum conforto. Tá.

Logo cedo já recebi instruções-conselhos-favores de mamãe, falei puta-merda-de-novo-não com um email que eu li, sorri, vibrei, desanimei, pensei... Acho que o dia está correndo e que está tudo bem.

Neste final-de-semana fiquei sabendo que o Oscar será no dia do meu aniversário. Embora eu seja uma pessoa diretamente ligada ao cinema, não dou muita bola pra este prêmio. Politicagem que grita! Mas sempre me divirto assistindo, afinal, dá pra reunir os amigos e reclamar das injustiças, olhar os vestidos e os novos cortes de cabelo dos bonitões de plantão. Farra e só. Não dá pra levar a sério.

Ah, sempre me encanto com as Cates-Kates: a com C que é Cate e Blanchett é sempre muito classuda. Acho ela um escândalo. A com K que é Kate e Winslet é queridinha. Tem cara de minha-prima-ou-grande-amiga.

Um momento chatinho será o do casal mais-lindo-rico-importante-decente-e-o-diabo-a-quatro: Jolie-Pitt. Não aguento mais o casal e seu quase-time-de-futebol-de-crianças. Por que eles não vão para alguma Ilha que só eles conheçam e ficam lá brincando de Lost? Eles querem vir para o Brasil. Já aviso ao casal - vocês não vão conseguir fazer compras no Jardins e nem passear em Copacabana. Brasileiro vai fazer fila na rua antes mesmo de vocês comprarem as passagens - Cuidado casal20!

Os palpites de vencedores e perdedores eu não tenho nunca. Não faço bolão. Acho que então nem me divirto tanto assim. Eu só torço e de forma bem mais ou menos. Mas as risadas serão garantidas com os meus amigos-que-sabem-tudo-sobre-os-indicados e que devem até ter acesso aos envelopes secretos com os resultados. Eles dizem que são nerds. Eu fico só abismada com o fato de que tem gente muito bitolada e muito IMDB. Rá!

Dia de mandar beijo.

VS.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Nina

Nina Simone tinha uma compreensão da instância ser que me comove. Sempre entendeu a solidão do sentir. Ela sabia bem o que era o universo particular e cutucou cada pedaço do seu.

Ai como eu queria você aqui. Você embala o meu mundo, que é mundinho, mundão e às vezes um objeto não identificado. Mas sempre meu.

VS.

Todos deveriam conhecer isso.

Ela já passou por aqui e não canso de rasgar elogios. Escute e depois venha conversar comigo.

Tó: Monique Maion em seu show em Bern, Suiça. Esteve por lá em janeiro deste ano, acompanhada por Ladislao Kardos e Hans Ermels.

Se você sofre de insônia, presta bem atenção. Se você dorme como um anjo, também.

Sleeplessness



VS.