Eu estou aqui.
Já passei dias da minha vida esperando por você. Sofri. Cansei. Enjoei até.
Eu sabia que você nunca foi uma pessoa para se esperar. Ninguém te espera. Você nunca chega. Mas eu esperei porque sofro de burrice crônica. E nunca nem pude dizer que esperei você voltar, porque você nunca chegou e muito menos se foi. Acho que eu esperei o momento de olhar para o lado já tarde da noite e ver você.
Depois que tive náusea com essa situação criada por mim mesma, parei. Pra sempre. Já não lembro de você faz tanto tempo. Meus dias foram ótimos, às vezes doloridos, mas não mais por você. Até aprendi a fazer bolhinhas de sabão maiores. Com a vida repleta de outros delírios e delícias, sou surpreendida. Isso foi ontem.
Sozinha em casa eu insistia na taça de vinho. Eu não amo vinho, mas amei ontem. O interfone toca e anunciam o seu nome. Não senti nada. Na hora, não entendi que você era você. Nunca te passei meu novo endereço. Você subiu, tocou a campainha, eu abri a porta, você hesitou, eu pedi para que entrasse, você sentou no sofá e eu te servi de vinho. O seu primeiro gole foi rápido e ainda não tínhamos trocado uma palavra. A minha taça já vazia me traiu e me arremessou no silêncio. Dessa vez, eu não estava nervosa e permaneci muda.
Meus olhos passearam rapidamente pelos seus traços. Você tem mais charme e beleza do que eu imaginava. Ou melhor, pude constatar que tudo aquilo que eu imaginava era verdade. De repente o silêncio fora interrompido com uma frase sua - Eu não sei o que vim fazer aqui. - Confesso que me decepcionei com essa sua postura. Não respondi. É claro que você sabe o que veio fazer aqui, afinal, você precisou descobrir onde eu morava, não era fácil me alcançar.
- A gente nunca conversou - eu ouvi. É impressionante como você não banca toda a personalidade que parece ter. Claro que a gente nunca conversou. Você não sabe quem eu sou e vice-versa. A gente só se olhou diversas vezes e agradeceu os drinks que recebeu. Só, entendeu? A gente nunca disse "oi". Eu achava que se um dia essa cena acontecesse, você se portaria completamente diferente. Decepcionante, mas eu continuei de ótimo-humor. Resolvi que eu não tinha muito tempo para aquela sessão de silêncio de gente esquisita:
- Você veio me ver. Você quer o que de mim?
- Conversar.
- O que? Você lembra o meu nome, mas não sabe mais nada sobre mim.
- Vim saber.
- Qual o meu nome?
- Que pergunta!
- A gente sempre se olhou e nunca interessou a identidade de ninguém, agora não vai ser diferente.
- Você queria que fosse diferente desde o início.
- Você mal sabe o meu nome. Nunca quis que fosse diferente. Nunca quis saber da sua vida. Eu olhava você todas aquelas noites e só. Gostei do que vi e do que senti. O resto nunca me interessou.
- Mentira.
- Eu quis roubar as suas noites só para dormir com você. Te desejei alucinamente sem nenhuma explicação. Nunca quis detalhes, informações e nem nada. E agora, nem desejar eu desejo mais.
- Mentira.
É impressionante como você joga fora o seu tempo.
Você não me respondeu. Continuou no vinho. Aquilo tudo era ridículo. Enfraqueci e me vi atirada no desejo. Levantei e caminhei até a varanda. Noite de chuva fina e abafada. Ninguém andando na rua e o bar da esquina estava cheio. Sentei nas almofadas do futton. Deitei de tão relaxada. Seria melhor se a chuva molhasse o meu corpo. Sem qualquer pressa, invadi meus traços e limites para ouvir meu corpo. Fechei os olhos e dividi os meus gemidos. Desejo nada particular.
VS.
Já passei dias da minha vida esperando por você. Sofri. Cansei. Enjoei até.
Eu sabia que você nunca foi uma pessoa para se esperar. Ninguém te espera. Você nunca chega. Mas eu esperei porque sofro de burrice crônica. E nunca nem pude dizer que esperei você voltar, porque você nunca chegou e muito menos se foi. Acho que eu esperei o momento de olhar para o lado já tarde da noite e ver você.
Depois que tive náusea com essa situação criada por mim mesma, parei. Pra sempre. Já não lembro de você faz tanto tempo. Meus dias foram ótimos, às vezes doloridos, mas não mais por você. Até aprendi a fazer bolhinhas de sabão maiores. Com a vida repleta de outros delírios e delícias, sou surpreendida. Isso foi ontem.
Sozinha em casa eu insistia na taça de vinho. Eu não amo vinho, mas amei ontem. O interfone toca e anunciam o seu nome. Não senti nada. Na hora, não entendi que você era você. Nunca te passei meu novo endereço. Você subiu, tocou a campainha, eu abri a porta, você hesitou, eu pedi para que entrasse, você sentou no sofá e eu te servi de vinho. O seu primeiro gole foi rápido e ainda não tínhamos trocado uma palavra. A minha taça já vazia me traiu e me arremessou no silêncio. Dessa vez, eu não estava nervosa e permaneci muda.
Meus olhos passearam rapidamente pelos seus traços. Você tem mais charme e beleza do que eu imaginava. Ou melhor, pude constatar que tudo aquilo que eu imaginava era verdade. De repente o silêncio fora interrompido com uma frase sua - Eu não sei o que vim fazer aqui. - Confesso que me decepcionei com essa sua postura. Não respondi. É claro que você sabe o que veio fazer aqui, afinal, você precisou descobrir onde eu morava, não era fácil me alcançar.
- A gente nunca conversou - eu ouvi. É impressionante como você não banca toda a personalidade que parece ter. Claro que a gente nunca conversou. Você não sabe quem eu sou e vice-versa. A gente só se olhou diversas vezes e agradeceu os drinks que recebeu. Só, entendeu? A gente nunca disse "oi". Eu achava que se um dia essa cena acontecesse, você se portaria completamente diferente. Decepcionante, mas eu continuei de ótimo-humor. Resolvi que eu não tinha muito tempo para aquela sessão de silêncio de gente esquisita:
- Você veio me ver. Você quer o que de mim?
- Conversar.
- O que? Você lembra o meu nome, mas não sabe mais nada sobre mim.
- Vim saber.
- Qual o meu nome?
- Que pergunta!
- A gente sempre se olhou e nunca interessou a identidade de ninguém, agora não vai ser diferente.
- Você queria que fosse diferente desde o início.
- Você mal sabe o meu nome. Nunca quis que fosse diferente. Nunca quis saber da sua vida. Eu olhava você todas aquelas noites e só. Gostei do que vi e do que senti. O resto nunca me interessou.
- Mentira.
- Eu quis roubar as suas noites só para dormir com você. Te desejei alucinamente sem nenhuma explicação. Nunca quis detalhes, informações e nem nada. E agora, nem desejar eu desejo mais.
- Mentira.
É impressionante como você joga fora o seu tempo.
Você não me respondeu. Continuou no vinho. Aquilo tudo era ridículo. Enfraqueci e me vi atirada no desejo. Levantei e caminhei até a varanda. Noite de chuva fina e abafada. Ninguém andando na rua e o bar da esquina estava cheio. Sentei nas almofadas do futton. Deitei de tão relaxada. Seria melhor se a chuva molhasse o meu corpo. Sem qualquer pressa, invadi meus traços e limites para ouvir meu corpo. Fechei os olhos e dividi os meus gemidos. Desejo nada particular.
VS.
14 comentários:
É intenso. Faz a gente perder o ar e querer engolir as palavras.
Fez secar boca e torcer por um final feliz que nunca poderia vir.
Teci a casa de ibiúna, seu corpo em vestido e uma presença misteriosa. Dotada das características descritas. Um ato de teatro, dramaticamente belo. Cortina fechada em meio a tensão.
Adorei.
Muito muito muito muito bom.
Melhor a cada dia.
Prepare o livro!!
Não desperdice o teu dom.
Besos.
Que incrível!
não costumo usar esses smiles, mas!!
O_o
até doeu.
incrível mesmo.
vou até fingir que foi pra mim.
hahahaha
demais.
obrigada!
david, continue visitando o ladyscott.
beijos a todos.VS.
ABSURDO!!!
Caramba. Perfeito. Como disse alguém aki, "é intenso e faz a gente querer engolir as palavras". Voce TEM QUE ESCREVVER UM LIVRO!!!! JÁ rsrss
Bjokas
Olá! O texto realmente é bom, segue uma linha de corência e um estilo francamente inspirado em Clarah Averbuck. Legal.
Só umas coisas me preocupam. Em um post, vc transcreveu dois versos da música Infinito Particular, de Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown e assinou como se fossem seus. Isso não é correto. Outra: a descrição do seu blog é o título de um disco da cantora paulista Ana Cañas, se é assim que se escreve, tb não creditado. Ficxa como se a frae fosse sua sem ser. Talvez não seja essa a intenção, mas essas duas reproduções de textos alheios sem crédito são fraudes intelectuais... mas que podem ser corrigidas a qualquer tempo. Boa sorte!
Branca,
nossa, nunca tive referência na Clarah e nem mesmo achei que descrição do meu blog fosse plágio. Se pensar assim, diversos blogs são, porque tem sempre um nome o outro que em outro canto já existe. Nem sempre há muitas maneiras de se dizer que "é tudo ficção". Você sabe que antes dessa cantora já disseram isso? Ela foi acusada de plágio também?
As frases da Marisa sim. São delas. E não tive qualquer intenção de copiar nada. São frases verdadeiras que são usadas numa história. Se eu escrever um dia "no silêncio da noite", vai me dizer que é plágio porque isso existe em mil canções?
Acho delicado vc acusar alguém de plágio em qualquer ciscunstância.Mas obrigada pelo recado.
VS.
O título do cd de Ana Cañas é " De Amor e de caos". Tal como vc se descreveu, daí eu ter achado no mínimo parecidos.
O que achei um pouco duvidoso foi o fato de vc transcrever dois versos da letra da música Infinito particular sem citação e com sua asinatura no final. Ambos parecem se enquadrar no conceito de plágio, se não me engano. Um bom escritor não pode esconder suas fontes, deve citá-las; encontrando o seu jeito de fazer isso, sem ser pernóstico ou cafona. Há muitas formas. Um exemplo: no título vc pode dizer que amanheceu assim e no texto cita a música, sei lá.
Como vc faz, o povo comenta achando que é seu e vc deixa,mesmo sabendo que não é. Não é certo. Principalmente quando se sabe que nem sempre o leitor de blog tem subsídio na literatura veiculada por outros meios pra perceber sua citação. Quer ver um cara que cita muita gente e escreve de verdade? Alain de Bottom. Dá uma pesquisada. Vê tb o significado do termo criptografia: evitá-la é um sinal de maturidade na escrita. Falo td isso pq a internet se torna pouco confiável justo quando o povo copia loucamente e pretende ser original. Mas creio que vc pretende uma escrita honesta, por isso falo. Boa sorte!
babado, hein!
quanto a clarah averbuck não concordo. os textos desta são inspirados no linguajar sujo do velho safado.
mas quanto aos outros, infelizmente, saber disso, enfraquece um pouco o sentimento dos seus leitores.
faz parecer q não saiu do peito, e sim, da cabeça.
quer dizer que "amor e caos" é o nome de um cd!
bom.
o último texto continua sendo lindo.
o melhor que li por aqui até agora.
"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
Clarice
Eu disse q parecia vc... rs
Branca,
de amor e de caos veio da minha alma. Se a cantora tem o mesmo, acho genuíno. Nunca nem ouvi falar nessa moça. Tem frases em todos os cantos que são iguais e vc não acusa o mundo de plágio. Estude o que é plagio.
VS.
Não entendo e não ligo para o estilo, a trama está ótima! Acho que entrei na metade, onde ela começa?
Ah, e falo como leitor, e não crítico:
Fica a pergunta: ele está chavecando, ou realmente teve a mente sequestrada por ela e não pensa em mais nada?!? Torço pro ele!!! Já que ela, q era tão apaixonada e nada fez, e agora faz um jogo duro...
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