quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A tão esperada valsa de Chloe

Para ler ouvindo.



Não se sabia mais o que era aquilo que estava acontecendo. Uma confusão mental que parecia durar anos, mas na verdade, apenas três dias passaram. Foram três dias de uma angústia que nada mais era do que ansiedade. Chloe ouviu a opinião de especialistas sobre o assunto. Estaria ela criando um novo planeta em sua mente? Um animalzinho em seu estômago? Nada disso.

Maria Helena, a amiga perfeita para confissões, mas de pouco convívio, gargalhou ao ouvir tudo e disse - "Você poderia ser um personagem europeu e contar uma história incrível. E fica aí, contando quantos urubus há em cima da sua cabeça. Você não tem mais idade para ser tão burra!". - Chloe achou um pouco petulante o comentário de Maria Helena. Quase que se arrependeu de procurá-la. Emudeceu por um tempo e resmungou -"Você sempre faz este discurso nojentinho". - e Maria Helena sem qualquer preocupação e hesitação, devolveu - "E você sempre me procura".

Tá. Maria Helena tinha seu jeito nojentinho de ser, mas ela estava sempre certa. Pelo menos quando o assunto era "A Vida de Chloe". Chloe resmungava sempre as mesmas coisas, logo, Maria Helena não a ouvia mais. A então personagem francesa voltou para sua casa, caminhando pelas ruas de um bairro que de francês não tinha nada. Calma. Havia uma mercearia, daquelas bem antigas que parece que parou no tempo. O dono do cantinho era o Olivier, um senhor francês que veio fugido da França. Fugiu de uma louca que se apaixonara por ele e dizia todos os dias que se eles não ficassem juntos, ela o jogaria no Rio Sena. E essa histeria toda aconteceu há muitos e muitos anos. Está aí algo que faz daquele bairro um pouco francês. Mas durante a andança de Choloe, o Sr. Olivier deveria estar lendo seus livros, porque a mercearia já estava fechada.

Chloe chegou em casa em pouco mais de meia hora. Seus passos que normalmente eram lépidos, agora estavam lentos, para que pudessem acompanhar sua linha de raciocínio, que estava um pouco enferrujada. Entrou em casa e percebeu que não tinha comprado água,. E quem recebeu a culpa fora Maria Helena, que nunca comprara uma garrafa de água para ela, mas que tinha acabado de falar tudo que Chloe não queria ouvir. Maria Helena por cinco minutos virou um monstrinho cruel, mas ainda de madeixas castanhas opacas. Os cinco minutos passaram e Chloe já estava tomando vinho e acreditando piamente que Maria Helena era a mulher mais sábia e sincera de todo o mundo. Chloe não tinha mesmo mais idade para se portar como uma garotinha de doze anos. Deveria ao menos saber disfarçar essa confusão mental toda e também evitar perguntar ao médico se estaria grávida de um animalzinho. Então, estaria ela apaixonada pelo Don Juan da Máscara de Ferro? Pobrezinha. Estava em tempo de perceber que ela era uma linda Cinderela e não uma plebéia abandonada.

Dê mais um gole de vinho, Chloe. Você será uma bela Cinderela, e com um pouco de álcool no sangue. Isso às vezes torna a vida mais fácil. Não precisou. Chloe se convenceu sozinha, ou melhor, quase sozinha. Não podemos negar que houve um empurrãozinho de Maria Helena. Ela se olhou no espelho, certificou-se que suas madeixas eram também castanhas mas muito brilhantes, lembrou que seu sorriso já havia encantando alguns, e sentiu-se linda com aquele lenço vermelho no pescoço.

"Agora a banda vai tocar de outro jeito!". Chloe poderia ter concluído de maneira mais elegante, mas fez quase um rap com todo o seu raciocínio, e decidiu que aprenderia dança de salão na semana seguinte. Muitos ritmos em uma sentença só e todas aquelas facetas para um único nome, de uma mulher que é quase um personagem francês.



VS.

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