sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sobre aqueles dois

Na dúvida eu arremessei o vaso no chão, vi as flores todas caindo e percebi que você não tinha posto água. Achei que depois de alguns anos de convivência, você tivesse aprendido que têm seres que precisam de água para viver. Logo lembrei do seu peixinho de estimação. Tão pequeno, dourado e de vida curta. Entendo que a intenção de ter colocado o peixinho para nadar no vaso sanitário era boa, mas precisava ter apertado a descarga? Ele era muito frágil para nadar naquela velocidade toda. Demorou algum tempo para você entender porque o peixinho havia sumido e mais, que ele havia se desintegrado. Naquela tarde, você contou sobre a sua teoria, ou melhor, sobre o seu desejo de que seres do bem nunca se desintegrassem. Assim você não entende a morte, quando não entende o enterro e a cremação.

Não tão comovida com a sua tristeza, mas interessada em você, te contei sobre as flores. Você entendeu direitinho, pois em última estância, falávamos de água e vida. Começo da vida, porque o fim já estava claro que era um problema. Você acreditava no romantismo das flores, e eu te frustrei quando disse ser alérgica aos fortes aromas. Explique sobre a diferença entre o aroma doce e cítrico, você não entendeu. Lembro que isso não me irritou, já que nunca entendi sobre o aroma dos vinhos. Naquela noite, você me ofereceu uma taça de vinho, na tentativa de ouvir jazz ao meu lado, e descobrir sobre minhas preferências. Eu dormi. E depois desse dia, você deixou de ter pesadelos todas as noites e eu passei a ser insone. 

VS.

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