- Bonito é marcar o gol e sair correndo com cara de campeão, João. – expliquei.
- É nada. O Ronaldo é o melhor de todos e machucou o joelho. E foi bem mais feio do que o meu. Quando eu crescer, eu vou ser igual a ele, ou melhor, porque já até machuquei o joelho.
- Desde quando você quer ser jogador de futebol? E esse seu raciocínio não faz o menor sentido.
- Desde que eu nasci. – esbravejou.
Claro que não. João nunca quis ser jogador de futebol. Ele queria ter uma banda. Isso é mania de criança que, de repente, teima que sempre quis ter ou ser algo. Ele sempre gostou mais de música do que de futebol. Mas como a maioria dos amigos deve gostar mais de futebol, ele vai gostar também.
Insisti que ele nunca havia me dito aquilo e ele resmungou:
- Se você não presta atenção em mim, não tenho culpa.
Mal processei a frase absurda dita por ele e aquele menino pequeno e espivetado saiu andando e balançando sua mochila, como se fosse um adulto super bem resolvido.
- João, volta aqui!
Ele estava decidido e convicto de sua birra. Apressei meu passo para alcançá-lo. Ele fingia não me perceber e eu encarava o pequeno raivoso. Tentei dar as mãos pra ele, mas o birrento cruzou os braços. Ele protagonizava uma cena de saudade. Precisava chamar a minha atenção de qualquer forma. Achei que o melhor era obedecê-lo, desde que chegássemos em casa vivos e juntos, claro.
- João, a nossa casa fica para o lado esquerdo. Não se esqueça.
E ele continuou andando, como se fizesse todos os dias aquele caminho sozinho. Dono do seu próprio nariz, por meia hora.
VS.
Um comentário:
Adorei o João!!
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