domingo, 20 de setembro de 2009

Noite de dois (II)

Eu me sentia a dona do mundo naquele exato momento, ou melhor, eu era a dona. Aquele homem seria possuído por mim em instantes. Aquela mulher não atrapalharia o meu caminho e eu nem preocupada estava. Não tinha nenhum adolescente lá para disputar o espaço de forma pouco engenhosa. A situação exigia habilidades gerais e sedução natural. A favor de todos nós, os três gozavam destas qualidades.

O apartamento era espaçoso e moderno. Para quem acha que todo homem é bagunceiro, aquele desafiava a regra. Tudo devidamente no lugar, até o leite do café da manhã. A faxineira poderia ter ido no mesmo dia ou no dia anterior, mas não importa, aquele homem tinha a capacidade de manter um lugar em ordem por mais de 14 horas. Ponto pra ele. A música continuava a nos acompanhar com a bela voz de Z. É assim que devemos chamá-la. Ela tinha um sorriso perfeito e uma voz levemente rouca. Ele estava extasiado com tantas fêmeas no local. Ainda com gosto de Blue Label na boca, caminhei lentamente em direção ao que eu supus ser o quarto dele. Fui posta contra a parede com força e marcada com seus gestos brutos e boca firme. Queria aquele homem entrar dentro de mim? Era bom que quisesse. A cama pareceu pequena para nós dois e eu gostava do arrepio provocado pelo prazer  e pelo piso frio. Meu corpo quente jamais cederia à baixa temperatura do piso e seria arrepiado a cada toque. 

Meu cabelo já grudava no rosto. Eu sorria nervosa. Eu sabia que tinha conseguido mas já estava ansiosa pela próxima noite, algo que eu esconderia até o fim. A virilidade certeira daquele homem o levou à exaustão e foi quando ele amoleceu sob o meu corpo e pude ver pela fresta da porta entreaberta que Z. observava atenta aqueles dois corpos. Estaria ela lá desde o início?Seria Z. uma típica voyer? Por um momento me desliguei daquele corpo pesado e me concentrei naquela mulher. Nossos olhares se cruzaram. Ela sorriu e eu tive a absoluta certeza que era atrás da porta que ela queria estar. Ela não abdicou de nada, apenas me mostrou que a posição para o seu prazer era aquela, de observadora. Teria ela sentido mais prazer que eu e ele juntos? Fechei os olhos e senti meu corpo levitar. As gotas de suor escorriam na lateral do meu rosto. Z. entrou no quarto e seu corpo despido era óbvio e branco. Ela parecia entorpecida por nós. Ofereceu-me um gole do que bebia e sentou-se para observar o corpo ainda desfalecido de prazer. 

Antes que eu pudesse fazer ou dizer algo, ele se levantou, olhou fixamente para Z. como se quisesse avisá-la que chegara a sua vez, e a sentiu em seus braços. Ela fechou os olhos e já não cantava mais. Foi mulher daquele homem que eu sei que saberia ser. Sentiu prazer  e deixou claro para quem quisesse ouvir. Permaneci deitada, não fui para atrás da porta, mas fiz questão de ser ouvinte e abrir meus olhos. Eu não poderia cantar como aquela mulher, mas poderia experimentar algumas das posições já ocupadas por ela. Respiramos o mesmo ar, gozamos com o mesmo corpo, sentimos a mesma pele e éramos assumidamente vulneráveis ao prazer.

VS.

obs: respondam a enquete ao lado.

4 comentários:

Henrique Crespo disse...

Daqui fui um vouyer das letras eróticas. Excitante.

Imaginei Z como a Scarlet cantando Tom Waits.

Luiza Rudge Zanoni disse...

Isso seria interessante. Acho a Scarlett sensual e o Tom Waits genial, mas acredita que não pensei neles quando escrevi? Curioso isso. Beijo.

Unknown disse...

Boa Lu!
Adorei...
Assim é bem melhor que ver novela né...hehehe
tem parte III? HEHEHE
Brincadeira...
Isso aê!
Continue pirando nas idéias e produzindo...
Legal!
Beijos!
Ladis

Luiza Rudge Zanoni disse...

Ladis querido, que bom que gostou!
Oba!
Um beijo!