quinta-feira, 11 de junho de 2009

Chloe no quarto ao lado

Quanta raiva em tão pouco tempo. Chloe perdera o bom senso. Há dois dias, ela levou João no bar e eu achei inaceitável. Hoje, neste exato momento, ela trepa com um desconhecido no quarto ao lado. A minha insônia ganhou uma trilha sonora, os gemidos de Chloe. Eu ainda tenho que tampar os ouvidos do meu irmão, para que ele não acorde e me pergunte o que está acontecendo. Não posso explicar isso pra ele. Não agora. Será que lá na Europa é assim ou isso é licença artística de cantora?

Amanhã acordo cedo para pagar algumas contas no banco. Não posso pagar nada pelo InternetBanking, este luxo me foi negado. Não posso mais tê-lo. A gerente do banco que falou. Ela se diz minha gerente, mas eu não sei nem o nome dela. Essas pessoas devem passar o dia fuçando na conta bancária dos clientes e selecionando os clientes com a conta gorda. Para estes elas prestam um atendimento personalizado e feliz. Sim, porque o meu é triste, mesmo que personalizado. Tudo é proibido. E a danada faz questão de repetir o meu nome um milhão de vezes e de listar todos os ítens que me foram negados. Nada de cheque e limite especial. Basta um cartão de débito, para você poder debitar valores insignificantes de uma conta miserável, que chega a passar fome e sede.

Vou pedir para Chloe cuidar dos meus afazeres. Enquanto ela trepa, eu não durmo. Eu durmo e ela vai feliz enfrentar fila de banco. Depois de uma noite dessa, ela tem obrigação de sentir-se radiante. Nossa. Eles gemem como se fossem ferozes. Chloe não canta durante o sexo. Eu ia gostar de acordar com uma voz linda ao meu lado. Este seria um tipo de romantismo aceito por mim. Mas do jeito que as coisas estão no quarto ao lado, nenhum dos dois vai dormir. Será que ela vai dar "bom dia" pra ele? Será que vai ser lindo?

João dorme como um anjo. Ele tem a mesma boca de papai, impressionante. A coberta está exatamente no mesmo lugar, nem se mexe. Dormir comigo deve ser um horror, jogo tudo no chão. O pequenino deve passar frio todo descoberto. Vou providenciar um cobertor só pra ele, exclusivo, o qual ele não vai poder compartilhar comigo. Está tão gostoso tê-lo tão pertinho. Não consigo imaginar como vivi sem ser grudada nele. Só de pensar que muito em breve ele volta pra casa, fico arrasada! Vou ter que convencer papai a deixá-lo comigo para sempre.

Observo João para tentar adormecer. A barulheira de Chloe atrapalha. Não consigo observar meu irmão e ouvir aquele prazer todo. É uma cena estranha. Talvez seja melhor fechar os olhos e torcer para que meu sono me sequestre e assassine os gemidos de Chloe.


VS.

Nenhum comentário: