Quando dei por mim estava chorando. Sei que chorei mais de duas horas e menos de cinco. Os meus olhos saltaram do meu rosto, inchados e ainda vivos. A dor era grande, o corpo latejava e as entranhas agonizavam. Eu era um cachorro com raiva.
De repente, um instante me pareceu importante. Um instante de um sorriso breve. Percebi que estava viva, que mesmo muito fraca, tinha vida pulsando no meu corpo febril. Fechei os olhos e tudo isso não durou mais do que um minuto. Minha alma cantou. E era a canção mais bela de todos os tempos. Canção esta que nem o Festival dos Festivais conheceu, nem Nina Simone balbuciou ou Lenine adivinhou. Era minha manifestação mais verdadeira. Uma verdade que eu torci para que fosse óbvia para todos os meus amantes, amores e amigos. Não era. Era um segredo. Segredo que nunca fora compartilhado ou percebido. Ele encontrava-se apenas naquele instante. Nem o caderninho secreto conheceu.
O celular piscou e eu logo vi que havia uma chamada não atendida. Número desconhecido. As lágrimas estavam secas na pele e as linhas de expressão suavizadas. Já esperei tantas vezes por telefonemas que nunca vieram. Outros vieram nas horas mais erradas. Acho que a gente demora para se entender com a vida. Às vezes parece que ela é cheia de personalidade. Sai correndo na nossa frente, decidindo tudo, sem nem nos consultar. E quando a gente pede pra ela nos ajudar, nos colocar na rua certa, com a pessoa certa, na hora certa, ela ignora ou inverte a situação toda. E então estamos naquela famosa saia justa.
Há algum tempo sonhei com ela. A vida era mais velha do que eu, mesmo que ainda minha. Eu só queria um dia com mais de vinte e quatro horas e a chance de atropelar o caminho de um desconhecido. Um desconhecido outro, não o do toque do meu celular. A vida não me concedeu esta dança. E olha que eu não queria uma dança romântica, podia ser o mais puro rock´n roll, uma dança explicitamente revoltada. Não. Fiquei sem qualquer coreografia.
Passei algum tempo recorrendo aos deuses alternativos e forças de algum lugar bem distante. Nunca citei o nome de Deus nestas preces. Cheguei a pensar que fechar os olhos e apertá-los com força, me proporcionaria aquela dança. Não. Isso é coisa de desenho animado. Não me restava mais nada. Eu poderia concentrar todas as minhas forças para esquecer, mas não quis. Preferi deixar guardado em uma gaveta que um dia ainda pudesse ser aberta. Nada de gaveta trancada. Lá está. Enquanto isso, eu danço um pouco desajeitada. Uma música qualquer, em uma rua qualquer, em um dia pouco importante do calendário. Coreografia nada ensaiada, mas este é o charme.
Em outro instante, que já se repetiu, eu chorei com uma voz de outra alma cantora. Ela disse claramente "Deus te abençoe". O mundo parou e me pareceu mais belo do que qualquer outro dia. Resolvi então, fazer diferente. Aquela possível dança guardada poderá ser concedida se minha alma cantar como aquela outra voz. Eu acredito nisso neste exato momento. Talvez daqui cinco minutos tudo se perca. Sem mais.
Deus te abençoe.
VS.
De repente, um instante me pareceu importante. Um instante de um sorriso breve. Percebi que estava viva, que mesmo muito fraca, tinha vida pulsando no meu corpo febril. Fechei os olhos e tudo isso não durou mais do que um minuto. Minha alma cantou. E era a canção mais bela de todos os tempos. Canção esta que nem o Festival dos Festivais conheceu, nem Nina Simone balbuciou ou Lenine adivinhou. Era minha manifestação mais verdadeira. Uma verdade que eu torci para que fosse óbvia para todos os meus amantes, amores e amigos. Não era. Era um segredo. Segredo que nunca fora compartilhado ou percebido. Ele encontrava-se apenas naquele instante. Nem o caderninho secreto conheceu.
O celular piscou e eu logo vi que havia uma chamada não atendida. Número desconhecido. As lágrimas estavam secas na pele e as linhas de expressão suavizadas. Já esperei tantas vezes por telefonemas que nunca vieram. Outros vieram nas horas mais erradas. Acho que a gente demora para se entender com a vida. Às vezes parece que ela é cheia de personalidade. Sai correndo na nossa frente, decidindo tudo, sem nem nos consultar. E quando a gente pede pra ela nos ajudar, nos colocar na rua certa, com a pessoa certa, na hora certa, ela ignora ou inverte a situação toda. E então estamos naquela famosa saia justa.
Há algum tempo sonhei com ela. A vida era mais velha do que eu, mesmo que ainda minha. Eu só queria um dia com mais de vinte e quatro horas e a chance de atropelar o caminho de um desconhecido. Um desconhecido outro, não o do toque do meu celular. A vida não me concedeu esta dança. E olha que eu não queria uma dança romântica, podia ser o mais puro rock´n roll, uma dança explicitamente revoltada. Não. Fiquei sem qualquer coreografia.
Passei algum tempo recorrendo aos deuses alternativos e forças de algum lugar bem distante. Nunca citei o nome de Deus nestas preces. Cheguei a pensar que fechar os olhos e apertá-los com força, me proporcionaria aquela dança. Não. Isso é coisa de desenho animado. Não me restava mais nada. Eu poderia concentrar todas as minhas forças para esquecer, mas não quis. Preferi deixar guardado em uma gaveta que um dia ainda pudesse ser aberta. Nada de gaveta trancada. Lá está. Enquanto isso, eu danço um pouco desajeitada. Uma música qualquer, em uma rua qualquer, em um dia pouco importante do calendário. Coreografia nada ensaiada, mas este é o charme.
Em outro instante, que já se repetiu, eu chorei com uma voz de outra alma cantora. Ela disse claramente "Deus te abençoe". O mundo parou e me pareceu mais belo do que qualquer outro dia. Resolvi então, fazer diferente. Aquela possível dança guardada poderá ser concedida se minha alma cantar como aquela outra voz. Eu acredito nisso neste exato momento. Talvez daqui cinco minutos tudo se perca. Sem mais.
Deus te abençoe.
VS.
Um comentário:
Estava com saudades.
Postar um comentário