sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Diamantes para mim

Eu nunca colecionei pedras. Aliás, eu nunca colecionei nada. Nem revista Capricho, nem selos. Eu tive um punhado de chaveiros antigos e moedas, mas era tão punhado que nunca atribuí a palavra coleção. Eu ganhei um álbum repleto de papéis de carta uma vez, da minha bisavó. Ela colecionou quando pequena, e depois minha avó entrou na onda. Acabei ganhando delas, mas uma coleção nunca construída por mim.

Sempre que vou ao aeroporto, passo em frente a uma loja de pedras preciosas brasileiras. Nunca dei bola. E tem gente que tem diversas em suas casas, que viram verdadeiros adornos. Um belo dia, de um tempo um pouco distante, ouvi de uma amiga minha, que raramente vejo e que, quando vejo me surpreendo com alguma frase, a seguinte coisa: Lucy in the Sky with Diamonds!

Perguntei se ela gostava tanto assim de Beatles. Ela me respondeu, com um sorriso no rosto, que ela estava me chamando, e não lembrando de um nome de uma música dos Beatles ou cantarolando. Fiquei alguns segundos pensando, já que não me chamo Lucy. Antes mesmo de ter entendido, ela me ajuda e completa: você é a minha Lucy in the Sky with Diamonds. Nem sou grande entendedora de Beatles e muito menos de pedras preciosas, então não podia fazer qualquer análise sobre essa frase. Logo, achei bonitinho e isso me bastou.

Meses depois ou quase um ano, conheço uma garota chamada Sharon. Ela era a garota dos olhos de muitas pessoas. Amigos meus teciam elogios a ela o tempo todo, o que já me fez conhecê-la com outros olhos. Bastou tomar um milk-shake tarde da noite e trocar cinco palavras que eu senti algo especial. Aquela menina poderia ser uma grande amiga. Porém, achei melhor não explicar este especial, porque a partir do momento que eu explicasse, estaria definindo algo e, logo, limitando. Queria algo sem o limite, com reticências, sabe?

Nunca precisei dizer isso para ela. Nos aproximamos e ela enxergou que o meu coração sorria na presença daquele ser pequenino e especial. Ela me olhou e disse: estou aqui e sou feita de verdade. Pronto. Ela acabara de se tornar minha menina-de-verdade. Mas meu coração sorriu tão lindamente nesse momento, que parecia uma pequena explosão com barulhinho-plim. Achei tão mágico. Tive vontade de colecionar isso, e foi assim que comecei a colecionar diamantes. Eu gostava muito mais desse tipo de diamante do que daquele que vendia na loja. O preço desse era bem mais justo!

Desse dia em diante eu resolvi que queria colecionar diamantes, mesmo que a raridade deles me fizesse ter uma coleção pequena demais. Fico sempre atenta por aí, para saber se tem um diamante ao meu lado e ninguém viu.

Hoje eu tenho uma sacolinha de pano com diamantes. São tão poucos que conto em uma mão só e ainda sobra dedos. Ontem, por um momento muito breve, pensei em abandoná-la em algum canto, por não saber se eu merecia aquilo ou não. Mas aí lembrei que, muito recentemente, ouvi de outra pessoa que fez plim e que também é pequena, a seguinte frase: não é uma questão de merecimento. Eu sorri quando ouvi e, no momento do quase abandono da minha sacolinha, eu sorri de novo ao lembrar disso.

A sacolinha continua aqui, quase que dentro de mim, de tão bem guardada.

VS.

7 comentários:

pessoa. disse...

as palavras não são tão minhas amigas quanto são tuas.
mas a ferramenta ser outra quando a finalidade é a mesma causa encontros.

e este foi um dos encontros mais mágicos que já tive.



de verdade.
de verdade.

Anderson Magalhães disse...

... excelente

Luiza Rudge Zanoni disse...

um beijo para os dois.
obrigada.

VS.

Unknown disse...

identifico-me com seus textos de uma certa forma.
estou passando por alguns conflitos amorosos e outros tão pessoais que às vezes nem sei aonde estou me metendo.
Acho que não sei na maioria das vezes.
Sei que não é psicóloga...
Mas o que faria se o amor da sua vida te deixasse sem nem dizer adeus e depois aparece dizendo que te ama, mas precisou sumir? O príncipe precisa de mim?
não sei...
fico me perguntando se preciso mesmo de um amor... e se preciso desse amor. Será que é ele?
será que tudo está em torno de mim.. assim... tão EU? Ou então, tenho alguma missão? O que sinto, afinal?
Tenho achado o querer, o amar, algo um pouco egoísta...
Se estava com ele, ainda faltava algo... Se estava sem ele... o mundo era vazio.
Era até um homem bom em alguns momentos... mas em outros, era preciso que me anulasse pra que a virilidade dele continuasse acesa.
Não tenho a menor idéia do que você vai imaginar de mim.. escrevendo todas essas coisas, chapada, a essa hora.... saindo do 2o casamento mal sucedido...
Mas, juro, identifiquei-me com o mundo pintado por suas letras...
E senti-me à vontade pra isso. Posso?
Tenho dedos pra tudo, ms. Scott.
Mas, juro... o que vc faria?
O que faria... se estivesse desarmada em frente a um inimigo munido de armas até os dentes?
Afirmaria o que você é... ou sucumbiria pra sobreviver?

ps: apaga meu comentário?

r. disse...

é por essas e outras que a "finitude da vida" vale a pena, muié. beijinho

Luiza Rudge Zanoni disse...

Salve!
Beijos, VS.

Luiza Rudge Zanoni disse...

Regi, suas palavras me fizeram pensar diversas coisas!
Se quiser conversar um pouco, pode me escrever para

luizazanoni@hotmail.com!

Beijo.

VS.