quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mademoiselle Maion

A chuva levou a falta de vento embora. Não deixou barato e arrastou o azul. Hoje é tudo cinza e silencioso. Cheiro de orvalho. Percebo-me lúcida e serena, encontrei o cheiro de orvalho na cidade de concreto. Isso tem a ver com plenitude, talvez. Prefiro não tecer certezas agora, estou muito leve para isso.

Andando pela cidade das luzes, longe de Paris, descubro meu encanto pelos altos prédios envidraçados. Neles podemos ver as luzes mais próximas. Eu gosto disso. Observo cada passo meu, o sinal abre e fecha. O verde tem perfeita sincronia com o vermelho, mesmo quando não há carros. Corro, quero voar. Em plena Avenida Paulista, eu te procuro em cada canto e vão. Um senhor passa ao meu lado e sorri, será que ele teve um bom dia? Me arrependo, mas não retribuo. Acho que estou guardada neste momento de andarilha.

Let me hear both sides. Antes disso, presto atenção para atravessar a rua. Uma avenida tão longa e tão vazia. Parece mágica, mágica do absurdo. Sigo em frente, sem entrar em qualquer travessa. Lembro-me de quando era pequena: eu não conseguia ficar no mesmo lugar quando fechava o olho e andava. Ande no mesmo lugar! Fui aprender já velha.

Meus passos não acompanham o fluxo de pensamento particular. Universo particular para tão poucos. O tempo corre e eu me desespero para encontrar você. Movida pelo desejo e alguma racionalidade, me perco na sua voz.

Hello, Stranger!

Sem qualquer resposta, caminhamos eu e você, quando se encontra com Tom Waits.

Você já se sentiu em um sonho? Você caminhava ou deitava? Falava? Me via?

Os meus pés não se cansam e meu corpo flutua. Percorro todas as suas notas. Você não é tão doce assim.

Vamos ver se chegamos até o final da rua?

Sabe que quando eu penso que você não vai aparecer, sozinha ou com o Tom, eu sucumbo em uma explosão de liberdade e desejo? Esse é o meu segredo.


VS.


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