Em pânico eu tinha que deixar aquela casa. Logo. Não poderia demorar mais do que trinta segundos. Sempre achei que trinta segundos era um tempo suficientemente rápido e perfeitamente possível. Talvez naquela ocasião, fosse tarde demais. Perdi parte deste tempo pensando que eu precisava sair correndo. Tensa. Estagnada. O telefone tocou e obviamente eu não poderia atendê-lo. Óbvio impraticável. Meu nervosismo me permitiu ouvir todos os toques e inclusive o recado que fora deixado na secretária eletrônica:
- Estou te esperando. Acabo de chegar e tenho um compromisso em uma hora. Seja rápida. Tenho saudade.
Como assim? Tenho trinta segundos para sair daqui e estar em outro lugar. Tá, fisicamente impossível, mas enfim, precisava conseguir. Não poderia ter outro encontro agora.
Três minutos foi todo o tempo que eu perdi. Seis vezes o tempo que eu poderia perder. Fui correndo em direção a porta para finalmente sair. Pi, pi, pi, pi. O celular. Volto para pegá-lo e percebo que o barulhinho chato que tanto apita é uma mensagem de texto.
MENSAGEM: você demorou. Não adianta mais vir. Cemitério da Consolação às 18h00. É horário de pico. Beijo.
A mensagem havia chegado alguns segundos depois do meu tempo-determinado de trinta segundos. Certamente eu prestava atenção no recado da secretária eletrônica e não no celular que já apitava.
Tenho que sair agora, já que você tem um compromisso. Volto para almoçar em casa, descanso e vou ao enterro.
VS.
6 comentários:
Intensa
se edgar alam poe estivesse vivo seri aseu fã!
Edgar Alan Poe? Nunca tinha pensado nisso. Beijo pra vc, Julietita.
Lia, adoro.
Nossa, isso me lembra os meus sonhos. E incrivel como tudo acontece tao rapido e eu nunca consigo resolver as coisas no momento exato. Sempre ha algo me impedindo de realizar alguma tarefa, por mais simples q seja. E as vezes me vejo impossibilitado de agir ate na vida real, onde o tempo e tudo
hoje é dia de nome próprio.
=*
p!
P! Hoje é.
Vou conferir amanhã, sem falta.
Postar um comentário